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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008


"Eu sou a Lenda" (2008).

Direção: Francis Lawrence.

Com: Will Smith e Alice Braga.


Serei sincero. Nunca gostei de filmes do tipo que irei resenhar agora. Os filmes pula-na-cadeira-e-aperta-a-mão-de-quem-está-do-lado. E não duvidem! Esse filme é exatamente assim. Não tem como fugir disso, desde o começo da película, o medo, e principalmente os sustos, transitam em cena. Admito que é meio chato e mesmo constrangedor ter que ficar segurando a mão da namorada porque estava quase se borrando em algumas cenas, mas foi extamente isso o que aconteceu.

O filme é baseado no livro de mesmo nome, lançado em 1954, e escrito por Richard Matheson. Duas outras versões cinematográficas baseadas na mesma história já foram feitas, uma em 1964, de nome "Mortos que matam" (The Last Man on Earth), e a outra em 1971, com nome "A Última Esperança Sobre a Terra" (The Omega Man).

A história é parecida com outras tantas que já vimos por aí nos últimos anos, como em "Extermínio", "Resident Evil", entre outros. Uma pseudo-cura para o câncer é descoberta e os testes em alguns milhares de seres humanos são realizados, depois de algum tempo esse vírus gera uma mutação e a maioria da humanidade morre de hemorragia, o restante se transforma, se transforma... em... em... zumbis! Alguém lembra de filmes parecidos?

Os testes iniciais são feitos na ilha de Manhattan. Depois dos resultados contrários da vacina, a ilha é isolada. Os habitantes infectados são deixados para trás. O médico e tenente-coronel do Exército, Robert Neville (Will Smith), é um dos poucos habitantes que desenvolve imunidade contra o vírus, que se propaga pelo ar e pelo contato sanguíneo. Neville também envia sua família para fora da ilha e depois de 4 anos do vírus espalhado pelo globo terrestre, torna-se o "único" habitante "ser-humano" de toda Nova Iorque.

Diferente dos outros filmes citados acima "Eu sou a Lenda" é bem dirigido e bem produzido. O roteiro é simples, não é necessário ser explicado para ser entendido, basta ser visto, e nesse ponto o próprio roteiro desenvolve possibilidades de diálogos dentro da solidão forçada de Neville, até porque ele não está só na cidade: há Sam, na verdade, Samantha, uma cadela. Calma! Isso não é um adjetivo para uma má atriz, mas é que Neville vive com uma cachorra, que por sinal "rouba" várias boas cenas.

O interessante neste tipo de filme é que você sabe como, quando e o enquadramento exato (isso para quem tem um mínimo de anos em frente à telona) em que o diretor irá lançar aquele belo susto, e fica esperando, e contando, e se precavendo e mesmo assim... toma a porra do susto! Mas além dos sustos que o filme oferta (e ele se propõe a isso), também instiga algo mais do que algumas palpitações nervosas na cadeira do cinema.

Will Smith, a cada dia que passa, prova estar se transformando em um grande ator. Seu Neville é desesperançoso, triste, culpado e mesmo assim tem alma, e o melhor, é realmente humano. As imagens de uma Nova Iorque abandonada, e parcialmente destruída, são excelentes. Os zumbis são iguais a quaisquer outros zumbis de filmes hollywoodianos, feitos em computador.

"Eu sou a Lenda" faz pensar sim (pelo menos um pouco). Faz pensar nos rumos que a engenharia genética e a manipulação do DNA podem acarretar. Sabemos que, provavelmente, não nos tornaremos zumbis comedores de gente, mas os resultados das experiências presentes podem afetar de maneira decisiva o futuro. Os vírus já estão com a gente por milhares de anos e a neura de que novos vírus são criados em laboratórios para que "curas" sejam milionariamente vendidas, persiste. A interpretação de Will Smith demonstra o desespero de um homem que tem culpa e desesperança e por isso se vê responsável em tentar mudar, ou pelo menos melhorar, o pior dos panoramas.

"Eu sou a Lenda" não é somente uma máquina de sustos justamente por essa interpretação de seu protagonista.



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4 comentários:

Anônimo disse...

A gente aqui tb viu o "Soy Leyenda".
Gostei muito do filme. Tipo: é hollywoodiano? Sim. Mas tem isso que vc comentou, a boa atuaçao do Will Smith, cenarios incriveis de uma Nova Iorque abandonada e o mais importante que é o questionamento sobre os estudos genéticos atuais para a cura de doenças graves. Será que é valido? Nao estamos mudando muito a ordem natural das coisas? Sei que nao vamos virar zumbis, mas a probabilidade de um desastre sempre existe, a gente sabe. Alias, a gente sabe e finge que nao sabe e os próprios cientistas sabem e fingem pra gente que sempre estará tudo sobre controle.
Essa é a mesma questao dos alimentos transgênicos por exemplo. Fico bolada o tempo todo com essa soja modificada, com as frutas extra resistentes, com os frangos ultra bombados....Acho que a gente nao vai chegar a ver o resultado geral de tudo isso, só algumas geraçoes mais adiante....
E.....por enquanto.....a gente agora vai tentando manter o corpo são e convivendo com essa angustia.
Uma angustia a mais entre todas as que rodeiam nossas cabeças altamente informadas do século XXI. :/

palavras sobre qualquer coisa disse...

Boa Eliza! Mas... cabeças "informadas" ou "desinformadas"? Não querendo viver constantemente na teoria da conspiração, porém transparece que nossos corpos, e até mesmo, às vezes, nossas almas, são comandados por um pequeno grupo de pessoas que se reunem todos os anos no Alpes Suíços (e olha que não sou marxista!).

O que nos resta é que ainda existe a poesia... ainda bem. Como seria bom se todos descobrissem que são realmente poetas! Acho que esse mundo seria mais livre. Um dia conseguiremos, um dia...

Besos.

Thiago Coutinho disse...

Olá Vinícius, tudo bem?
O filme realmente é uma ótima diversão, mas não senti tantos sustos como você narrou... Talvez minha fleuma inglesa para alguns thrillers tenha me deixado anestesiado, mas te digo que senti um friozão na barriga quando a Sam se perdeu naquele galpão e, enfim, já sabe o resto. Mas foi só.

Bela resenha, viu? Só não me peça para falar de teoria da conspiração & cia porque já passei do meu tempo de pensar como Fox Mulder... :)

Se quiser ver alguns de meus escritos, por favor, visite: http://somenteoindispensavel.blogspot.com/

Um abraço.

Unknown disse...

Olá Vinícius!
Bom, estava indecisa se assistiria A Lenda. Mas, depois que li sua resenha fiquei muito curiosa. Adoro esses filmes que nos despertam essa sensação de medo, melhor ainda, quando tem alguém para segurar nossa mão.
Vou aproveitar os dias de folia para ir ao cinema.
Beijos.

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

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