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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

CINEFILIA: "Relatos Selvagens", por Samantha Brasil

É com muito orgulho que o PSQC anuncia a luxuosa participação de Samantha Brasil em nosso humilde e persistente espaço. Samantha irá nos brindar com sua percepção aguçada e coração afetuoso para a arte mais apaixonante dos tempos modernos: o CINEMA!

Com duas críticas por mês, espaçadas quinzenalmente, irá falar sobre filmes de arte que entrarão em circuito. Nas segundas e últimas sextas-feiras de cada mês. Excepcionalmente estreamos hoje. Porquê? Porque somos ansiosos oras, eu e ela! Degustem! Divirtam-se! 

Obrigado Samantha. 




Relatos Selvagens

Por Samantha Brasil

7/11/2014

Relatos Selvagens é o indicado da Argentina ao Oscar de filme estrangeiro de 2015. O filme é uma produção de Pedro Almodóvar, escrito e dirigido por Damián Szifrón (criador da série argentina Os simuladores). Com ritmo frenético, acompanhado de uma estética do caos, permeado por uma linguagem coloquial e versando sobre vingança, o filme é composto por seis esquetes que não se comunicam, mas que brilham em conjunto de forma magistral. É difícil vermos um longa-metragem composto por historietas em que todas funcionem de forma eficiente. Aqui, pelo menos 4 são excelentes e 2 ótimas e é por este motivo que a película tem sido ovacionada por público e crítica.

Relatos Selvagens tem um galã de peso no elenco, o queridinho do público brasileiro Ricardo Darín. Mas o filme é muito maior que isso. A trama que envolve Darín é de fato uma das melhores. No dia do aniversário da filha, seu carro é rebocado por estar estacionado de forma irregular bem na hora em que ele está comprando o bolo da festa para a qual está extremamente atrasado. Ao se dirigir ao departamento de trânsito, além de pagar uma multa exorbitante, se depara com toda a burocracia que é peculiar aos serviços públicos e tem momentos de fúria que poderiam ser vividos por qualquer pessoa em situação semelhante. E é de momentos como esse que vem a “selvageria” do roteiro. No filme, em cada situação limite a que os personagens são submetidos, as respostas a estes estímulos são justamente aquelas que não podemos fazer por termos que respeitar não só às Leis como todas as regras de bom convívio social. Num embate entre cidadão versus Estado, esse trecho faz alusão ao filme Um dia de fúria (1993, Joel Schumacher) protagonizado por Michael Douglas

Neste universo da barbárie criado pelo diretor em que o politicamente correto não existe vemos ainda a trama na qual um rapaz da alta sociedade argentina atropela de madrugada uma mulher e, para tentar livrar o filho do cumprimento da pena pelo crime cometido, o pai usa das mais ardilosas ferramentas de corrupção imaginadas. Imediatamente somos remetidos ao interessante filme turco 3 macacos (2008, Nuri Bilge Ceylan) que trata de temática semelhante de forma séria e mais visceral.

Um episódio de ares tarantinescos envolve uma briga de trânsito, no qual dois homens vão aos limites da loucura após uma discussão por conta de uma ultrapassagem na estrada. Afinal, quem nunca discutiu no trânsito e/ou teve vontade de matar alguém ou simplesmente destruir o carro do oponente pelo simples prazer de expor todo o ódio cego que estava sentindo? Para encerrar o filme temos a atuação fantástica de Erica Rivas que interpreta uma noiva “à beira de um ataque de nervos” (em homenagem à produção de Almodóvar) no dia da sua festa de casamento.

Os seis episódios que compõem essa obra são alinhavados pela excelente trilha sonora composta por Gustavo Santaolalla que dão o tom grave de humor negro que nos faz rir de situações grotescas nas quais, de uma forma ou de outra, iremos nos identificar. Apesar de episódios breves (cada um tem em torno de 20 minutos), é possível fazermos uma reflexão sobre todos os “sacrifícios” que temos que fazer para nos conter no dia-a-dia a fim de que possamos viver de forma pacífica em sociedade. Em tempos em que uma cultura de intolerância e de ódio é crescente, Relatos Selvagens vem para nos fazer refletir sobre até que ponto podemos ir para satisfazer um desejo de vingança, ou porque não, de fazer justiça com as próprias mãos.

Nota: ♥ ♥ ♥ ♥  ½

Obs.: A escala de corações vai de coração vazio (em branco) até cinco!

RELATOS SELVAGENS (Relatos Salvajes)
Direção: Damián Szifrón
Elenco: Ricardo Darín, Oscar Martínez, Leonardo Sbaraglia, Erica Rivas, Diego Gentili

Produção: Argentina/Espanha (2014)






Samantha Brasil foi criada na Ilha do Governador, insular espaço fincado na Zona Norte do Rio de Janeiro, permeada entre a Baía da Guanabara, o Aeroporto do Galeão e a Ilha do Fundão. Fez Ciências Sociais na UFRJ, mas decidiu também fazer Direito. Hoje é funcionária do TJ-RJ. O cinema foi surgindo em sua vida como gosto, até atingir o ápice de vício. Médicos dizem que hoje não há mais cura, então sua única saída será ver mais e mais filmes, além de viajar em busca de Mostras e Festivais de cinema. Agora também escreve sobre esta maravilhosa arte, porque vício é assim mesmo.


Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

2 comentários:

Alexandre Luz disse...

Parabéns ao blog pela nova comentarista de cinema! Mas registro meus protestos em razão da quantidade pequena de críticas mensais.
Seu texto é ótimo, Samantha.
E o filme, na minha humilde opinião, é um dos melhores do ano!

palavras sobre qualquer coisa disse...

Alexandre, esperamos em breve publicar uma crítica por semana.

Obrigado pelos olhos!

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O autor

Vinícius Silva é poeta, escritor e professor, não necessariamente nesta mesma ordem. Doutor em planejamento urbano pelo IPPUR/UFRJ, cientista social e mestre em sociologia e antropologia formado também pela UFRJ. Foi professor da UFJF, da FAEDUC (Faculdade de Duque de Caxias), da Rede Estadual do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e atualmente é professor efetivo em sociologia do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Criou e administra o Blog PALAVRAS SOBRE QUALQUER COISA desde 2007, e em 2011 lançou o livro de mesmo nome pela Editora Multifoco. Possui o espaço literário "Palavras, Películas e Cidades" na plataforma Obvious Lounge. Já trabalhou em projetos de garantia de direitos humanos em ONG's como ISER, Instituto Promundo e Projeto Legal. Nascido em Nova Iguaçu, criado em Mesquita, morador de Belford Roxo. Lançou em 2015, pela Editora Kazuá, seu segundo livro de poesias: (in)contidos. Defensor e crítico do território conhecido como Baixada Fluminense.

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